terça-feira, 30 de outubro de 2007

Intervenção do PCP na RVE 01/11/2007

O PCP está em vésperas da conferência sobre Questões Económicas e Sociais.
Neste âmbito, hoje, abordaremos a situação económica e social do concelho do Entroncamento pelo prisma do seu aparelho produtivo.

Na área dos transportes, como noutras, os trinta anos de políticas de direita dos governos PS, PSD e CDS-PP tiveram reflexos gravosos para a economia do Concelho que resultaram na perda de cerca de 2.000 postos de trabalho industriais. O trabalho com direitos, que gerou no Entroncamento uma ilha de desenvolvimento económico e social com indicadores muito acima da média regional, sub-regional e nacional, tem sido destruído.

Há no Entroncamento um debate sofista entre – PS e PSD que se culpabilizam mutuamente.

Recorde-se que foi Cavaco Silva, como 1.º ministro de um governo PSD, quem estabeleceu as estratégias: 1.º - deu prioridade aos transportes rodoviários, em detrimento dos transportes ferroviários e 2.º deu prioridade aos transportes particulares em detrimentos dos transportes públicos. Abandonou a política de um Sistema Nacional de Transportes com o progressivo e inexorável desmantelamento do complexo ferroviário português.

O Governo PS de Guterres continuou com a estratégia do seu antecessor para a área de transportes, que levou à aceitação do encerramento do Instituto Superior de Transportes e Comunicações, desactivação da triagem de mercadorias, estrangulamento da EMEF através de retirada de encomendas e elaboração de um estudo da INVESFER que prevê a desafectação de 2/3 da superfície ferroviária destinada à especulação imobiliária.

Os Governos de Durão Barroso e de Santana Lopes mantiveram as decisões anteriores que culminou com a retirada do Posto de Comando de Circulação Ferroviária do Entroncamento e a confirmação de encerramento do ISTC.

Todas as medidas, anteriores, que ainda não foram executadas, vão sê-lo durante o Governo de José Sócrates, com requintes de cegueira doutrinária neoliberal.

Assim sendo, a política de direita para o sector ferroviário repercutiu-se no concelho com:

1. A precariedade laboral, os baixos salários, trabalho flexível e sem direitos e uma crise estrutural concelhia difícil de ultrapassar;
2. O novo emprego criado na indústria, comércio e nos serviços não proporciona os mesmos níveis de rendimentos;
3. A degradação do índice de poder de compra local face à média nacional (132% para cerca de 120% (e alguns anos menos)) e sobretudo face à EU só confirmam as dificuldades;
4. A perda da sustentabilidade e declínio do comércio, restauração, hotelaria e serviços locais a favor dos concelhos vizinhos devido à quebra na procura local;

Face “à política de direita que conduziu o Entroncamento (e o País) ao declínio, à estagnação económica, ao retrocesso social e ao avolumar de injustiças”, são necessários “Outro Rumo, uma Nova Política ao serviço do Povo e do País” que tenha em conta o desenvolvimento sustentado e equilibrado de todo o território.