quinta-feira, 7 de maio de 2009

touro vermelhão e o sapo


Há muito, há muito tempo existe um touro vermelho imponente – o “Vermelhão”. Um dia o touro estava em acção numa das suas habituais cargas contra forças despóticas quando um sapo de triste estatura, todo imundo, peganhoso, olhar de peixe mal morto, fuças de fuinha, ar de coitado, fixou no anglo de visão o venerado touro e ficou deslumbrado.


Cheio de inveja daquele touro bravo selvagem o sapo/plagiário, “frasquinho de veneno” (nome porque era conhecido o batráquio), chamou os amigos/companheiros de percurso: sanguessugas e hienas (a corja do “centrão”).


– Olhem só o tamanho do sujeito vermelhão! É imponente, mas grande coisa; se eu quisesse também era.


As sanguessugas e as hienas, amigas de peito do batráquio, disseram: - concordamos com a tua nova condição, que sejas grande mas, manso e sem ideais (nada de ideologias).


Dizendo isso o sapo colou uma parelha de cornos na testa e um letreiro no bandulho com a palavra “esquerda” e começou a encher a pança. Em pouco tempo já estava com o dobro do seu tamanho habitual.


– Já estou grande como o Vermelhão? – perguntou, às sanguessugas e às hienas burguesas, o inchado sapo de triste figura.
– Não, ainda estás longe! – responderam-lhe em coro a cambada de “chupa-cabras”, como eram conhecidas as sanguessugas e as hienas.
- Vamos dar-te uma ajuda! – vais poder usar as copas das árvores e as elevações, daí podes meter-te nos bicos das patas para berrares desalmadamente aos quatro ventos.


A “corja do centrão”, foi mais longe, encarregou os “louva-a-deus” de fazerem um inquérito cuja amostra eram as centopeias, os mil-patas, e os percevejos, para facilitar, somaram o número de patas de todos os sujeitos inquiridos e dividiram por quatro: uma amostra e peras. Para ajudar, não houvesse surpresas, os resultados foram determinados antes do preenchimento dos questionários e entregues aos “louva-a-deus” com a recomendação de “não haver desvios”.


O batráquio horribilis apareceu à frente do vermelhão nas sondagens.


O sapo, com tanto incentivo e solidariedade de classe, inchou ainda mais um pouco e repetiu a pergunta:
– Já estou grande como o Vermelhão?
– Não – disseram de novo a corja de “chupa-cabras” -, já chega! E é melhor parares com isso porque senão vais acabar mal.


Mas era tanto o voluntarismo de imitar o majestoso vermelhão que o sapo continuou a inchar, inchar, inchar – até estourar. Boooooom…., pufff…
O cheiro foi tão nauseabundo e putrefacto que a muitas milhas chegaram pedaços: aqui um ex-PSR, ali um ex-UDP, acolá um ex-“ex-comunista”. Nus ficaram, também, os comissários políticos dos partidos do centrão, os “chupa-cabras” e Cia Lda infiltrados… que tiveram de arranjar outro objecto de diversão.

Adaptação da fábula de Lafontaine aos nossos dias.