terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1º Dezembro no Entroncamento - Ano 1952


O Entroncamento, também, foi terra de luta pela Liberdade. Assim os que lutaram, cá na nossa terra, contra ao fascismo merecem ser recordados.
Reproduzimos um artigo dos arquivos do Jornal Avante, que descreve o 1º de Dezembro do ano de 1952, em pleno período de clandestinidade na Vila de Entroncamento. O 1.º de Dezembro servia de pretexto para juntar democratas e furar a repressão sempre presente.
Reproduz-se um texto, com a devida autorização do Partido Comunista Português que detém os direitos de publicação:



«Para a realização do aniversário da libertação de Portugal do jogo da Espanha Filipina, deslocaram-se àquela vila os destacados democratas e amigos da Paz, Dr. Rui Luís Gomes, Dra Maria Isabel Aboim Inglês, Dr. José Morgado, engenheira Virgínia de Moura, o operário Carlos Alberto, o jornalista David de Carvalho, Dr. Humberto Lopes, etc. A campanha de terror e de intimidação contra o povo do Entroncamento, começada há tempos com a prisão de vários ferroviários, intensificou-se com ameaças e intimidações junto do povo o que não conseguiu obstar que a sessão se realizasse.Falaram os democratas Dr. Humberto Lopes, o operário Carlos Alberto, a Sra. Clotilde de Carvalho e a Dra. Aboim Inglês, que desmascararam energicamente a campanha intimidatória do governo e da P.I.D.E., puseram a nu a condições de tirania e terror existentes no nosso País, tudo isto apesar das constantes interrupções das autoridades locais a mando da P.I.D.E., contra os quais a assistência protestou energicamente e uma operária e uma outra senhora, entre outros, gritaram que era impossível continuar a viver-se debaixo desta tirania. Houve muitos vivas à liberdade. Fora da sala, a P.I.D.E. prendeu o operário Carlos Alberto. Todos os assistentes, com os corajosos dirigentes do M.N.D à frente, o acompanharam até ao posto de policia protestando sempre e exigindo a libertação do operário, só arredando pé quando ele foi posto em liberdade. Pouco depois foi preso um democrata do Entroncamento de nome Saul. De novo os assistentes à sessão, com os dirigentes do M.N.D. à frente, se dirigiram ao posto policial a exigir a libertação do preso, o que conseguiram. As manobras de intimidação da PIDE não surtiram o efeito desejado. A Unidade e a decisão dos dirigentes do M.N.D. e dos democratas do Entroncamento, mostrou como é possível lutar vitoriosamente contra as intimidações e a repressão e o terror salzaristas.»



NOTA: No artigo deste jornal Avante clandestino por “autoridades locais” deve entender-se a camarinha local de abutres fascistas que infestavam e infernizavam a vida dos ferroviários e da restante população da então Vila de Entroncamento, à cabeça da qual pairava José Duarte Coelho, o escolhido de Salazar cá no burgo. José Duarte Coelho, figura sinistra do anterior regime, co-autor dos fenómenos do Entroncamento, teve recentemente honrarias dos seus seguidores e correligionários com a inauguração de uma estátua em frente ao edifício sede do concelho (pintado da cor das «casas das barbys» - cor predilecta das inclinações do bufo fascista). As actuais autoridades locais, esquecendo-se que foram eleitas pelo Povo, ousaram desenterrar os esqueletos do passado para exorcizar velhas frustrações recalcadas e ao faze-lo estão a insultar todos os democratas.