25 de
Abril - Entroncamento
Exmos SENHORAS e SENHORES
Convidados
Munícipes
em geral
Quando falamos do 25 de Abril falamos muito
justamente do dia 25 de Abril de 1974. É
uma data memorável. O dia em que os capitães do MFA empreenderam o heróico
levantamento militar que derrubou o governo fascista.
A
revolução de Abril não foi porém apenas esse acto heróico e decisivo. Foi um processo. Ao levantamento militar
sucedeu no imediato o levantamento
popular que não se limitou a apoiar os militares, mas, com a sua
intervenção própria e autónoma, passou a ser, a par da componente militar, uma força motora e um elemento determinante da
revolução e da democracia que não foram concedidas nem oferecidas. Foram
conquistadas pela dinâmica conjugada da luta das massas e dos elementos progressistas
do Movimento das Forças Armadas.
A
revolução de Abril confirmou na vida
democrática que as quatro
vertentes da democracia (a política, a económica, a social e a cultural)
são inseparáveis.
Inseparáveis de uma democracia política
avançada e das reformas das estruturas socioeconómicas.
A revolução significou novos
princípios, reformas e medidas nos campos social e cultural. Novos direitos dos
trabalhadores, das mulheres, da juventude, dos reformados, dos deficientes, soluções progressistas nos domínios da
saúde e do ensino, abertura à
criatividade e fruição culturais.
Todas as
conquistas revolucionárias foram reconhecidas pela Assembleia Constituinte e consagradas na
Constituição, com os votos do PCP, do PS e do PPD.
Mas, hoje, 38 anos decorridos, o rumo é o do declínio
económico, do retrocesso social, do saque
e da dependência externa que PSD,
CDS e mesmo o PS, com o apoio e apadrinhamento do Presidente da República
Aníbal Cavaco Silva, estão a impor ao País. Um rumo de desastre que as mentiras e a propaganda do Governo não
iludem.
O propagandeado «sucesso» sobre os sinais
da retoma económica ou do interesse do
capital internacional na aquisição de empresas estratégicas está
diariamente a ser desmentido pela dramática evolução dos números do desemprego
e das previsões de destruição de
emprego – mais de 200 mil para 2012 e 2013.
Uma
evolução desastrosa que – para lá da propaganda e das mentiras sobre aquelas
medidas que são sempre apontadas como as últimas e definitivas – todos os dias
conhece novos desenvolvimentos e
comprovação como o atesta, entre outras, o prolongamento do roubo dos subsídios de férias e de Natal na
administração pública e reformados.
Todos os dias o Governo dá
notícias.
Más, todas, e recaindo selvaticamente sempre sobre os mesmos de sempre: os que
trabalham e vivem do seu trabalho, os que já trabalharam e vêem ser-lhes recusadas as
pensões e reformas a que têm direito e os que querem entrar no mundo do
trabalho e só vêem à sua frente muros e obstáculos.
Tudo isto a
evidenciar a necessidade imperiosa de uma ruptura com esta política de desastre
nacional e a sua substituição por uma política patriótica e de esquerda, ao
serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
Mostra a realidade que as lutas
travadas nos últimos meses – desde a
histórica manifestação nacional de
Fevereiro, a poderosa greve geral de Março e a combativa manifestação da
juventude trabalhadora, às muitas e diversificadas lutas das populações e à grandiosa manifestação das freguesias - têm-se revelado de
uma importância crucial, quer no combate à política das troikas, quer no desmascaramento das patranhas
dos governantes, quer, em
consequência de tudo isso, na crescente
redução da base de apoio social do Governo e da sua política.
São muitos os que, perdidas as ilusões nessas patranhas,
expressam o seu descontentamento aderindo à luta – luta em defesa dos direitos
dos trabalhadores, do direito ao emprego com direitos, do direito à saúde, à
educação, à habitação, aos transportes, do direito aos direitos a que todo o
ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito – direitos que este
Governo e esta política lhes roubam
todos os dias.
A solução para os problemas do País, a
salvaguarda do futuro dos portugueses exige uma política contrária à que está a ser executada.
É imperiosa a adopção de uma
política virada para o crescimento económico tendo como eixos essenciais a defesa e valorização da produção nacional,
a valorização dos salários e reformas,
essenciais para a dinamização do mercado e da procura interna, e o apoio às
pequenas e médias empresas, a dinamização do investimento público, a par da aposta nas exportações de forte valor acrescentado e na
diversificação dos mercados externos.
É
imperiosa a diversificação das fontes de financiamento, retomando uma política activa de captação de poupança interna – propositadamente desincentivada pela
desvalorização dos certificados de aforro. Urge, também, o desenvolvimento de relações bilaterais que assegurem condições
de financiamento mais vantajosas e obviamente a renegociação da dívida.
É imperioso o fim do ruinoso processo de privatizações e a adopção de medidas com vista
a assegurar um controlo público de
empresas e sectores estratégicos – como forma de mobilização de recursos e de domínio
dos centros de decisão.
O País
não está condenado ao Pacto de Agressão, declínio
económico e social e à crescente
dependência e subalternização.
Lutando, com confiança, derrotaremos a
política das troikas e daremos voz
aos valores de Abril no futuro de Portugal.
Viva o 25 de Abril!
25 de Abril sempre!
Viva Portugal independente e soberano!