quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A verdade que o Sr. Presidente Moita Flores e a Divisão de Cultura decidiram esconder

Sobre a recusa da Câmara Municipal de Santarém em ceder o Teatro Sá da Bandeira ao PCP

A verdade é aquela que o Sr. Presidente Moita Flores e a Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Santarém conhecem, mas decidiram esconder:
- O PCP contactou a Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Santarém para conhecer a disponibilidade do Teatro Sá da Bandeira para a realização de uma Festa-Comício;
- O PCP, após a Divisão de Cultura ter informado que aquele espaço estava disponível para 20 de Janeiro, formalizou o pedido, via fax, com data de 6 de Dezembro de 2007;
- O PCP, após vários dias sem receber qualquer resposta, contactou por telefone a Divisão de Cultura. Nessa altura fomos informados que o pedido tinha seguido para o Gabinete do Sr. Presidente, para despacho;
- Dada a urgência em obter a confirmação da cedência, o PCP, através de um eleito da CDU na Assembleia Municipal, contactou telefonicamente o Sr. Presidente Moita Flores no sentido de o sensibilizar para a necessidade de uma resposta com brevidade. Nesse contacto foi solicitado ao PCP que reformulasse o conteúdo do ofício e o fizesse chegar ao seu gabinete até ás 12 horas do dia seguinte, para que o Sr. Presidente despachasse de imediato, uma vez que se iria ausentar para férias;
- O PCP seguiu esta indicação, e enviou por fax, um novo ofício, ás 11h e 28m do dia 19 de Dezembro de 2007.
- Mais tarde, o PCP contactou o gabinete do Sr. Presidente por diversas vezes, até que fomos informados que o fax tinha sido remetido para a Divisão de Cultura;
- A 21 de Dezembro de 2007, o PCP contactou por telefone a Divisão de Cultura que nos informou que o Sr. Presidente teria respondido negativamente ao nosso pedido e que sugeria a realização da iniciativa na Casa do Brasil (sala com capacidade para cerca de 50 pessoas!);
- Na mesma altura, PCP solicitou de imediato à Divisão de Cultura que enviasse o teor do despacho por escrito (ou cópia por fax), o que até hoje não foi feito;
- A 16 de Janeiro de 2007, entrou na Câmara Municipal de Santarém uma carta enviada pelo PCP, relatando os factos (entre os quais o envio do novo pedido ao cuidado do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santarém conforme as indicações que nos dera), e de novo pedindo o teor do despacho e a sua fundamentação, desta vez ao abrigo do Estatuto do Direito de Oposição.

É assim verdade:
- Que o Teatro Sá da Bandeira não foi cedido ao PCP;
- Que o PCP continua sem conhecer o teor e a fundamentação (deliberação camarária ou de qualquer sua dependência) do despacho negativo, pois nem a Divisão de Cultura, nem a Câmara Municipal responderam às nossas solicitações.

Para o PCP, os factos falam por si:
- A recusa em ceder o Teatro Sá da Bandeira ao PCP, quando nesse espaço se realizou a Convenção Autárquica do PS e mais recentemente a Festa de Natal da JSD, visa discriminar o PCP e a sua iniciativa política e é feita com base num critério aparentemente sem sustentação em qualquer deliberação camarária, do qual temos o direito de discordar.
- A deliberada ausência de resposta às nossas solicitações, bem como a sugestão para a utilização de um espaço (Casa do Brasil) que comprovadamente não tinha dimensão para a realização de uma festa-comício, demonstra a profunda falta de respeito e a desconsideração pelo PCP, que move a decisão do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santarém.

Os factos mostram também o quanto são despropositadas as declarações do Sr. Presidente Moita Flores, em que, de forma desabrida e utilizando um estilo pimba e eticamente inaceitável para um cidadão com tão elevadas responsabilidades, acusa o Secretário-Geral do PCP de vir “mentir” a Santarém.

Mas, para o PCP, o essencial deste episódio é que ele demonstra que, com Moita Flores e o PSD na Câmara, e seguindo uma perigosa tendência nacional, são as próprias instituições do Estado de direito democrático que impedem a utilização de espaços públicos para a iniciativa dos partidos políticos, característica fundamental da democracia. E que, mais uma vez, é o PCP atacado e afectado de forma particular. É mais uma prova dos reais objectivos de toda a ideologia anti-partidos, das leis dos partidos, das alterações tentadas às leis eleitorais: diminuir a capacidade de resistência e de organização dos que lutam por uma nova política, e perpetuar no poder os representantes chave desta política de direita anti democrática, anti popular e anti patriótica.

Nesta luta que continua e se intensifica, estamos do lado dos que desejam uma mudança profunda na sociedade portuguesa, que lhes devolva os direitos e a democracia a que têm direito. E é isso, certamente, que os enfurece.

Santarém, 22 de Janeiro de 2008
O Secretariado da DORSA do PCP