quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O artigo do Senhor Hélio Bernardo Lopes no Notícias do Entroncamento de 29 de Dezembro


O artigo do Senhor Hélio Bernardo Lopes no Notícias do Entroncamento de 29 de Dezembro de 2006 contém afirmações que se classificam de inaceitáveis, branqueadoras e inconsistentes. Em suma atoardas velhinhas, agora de volta, pela mão de alguém que não esperávamos apologista de Salazar.
As enormidades referidas, tendem para o infinito, e, ultrapassam as teorias revanchista de Pacheco Pereira e revisionista conciliadora de Fernando Rosas no que ao anticomunismo diz respeito.
Ficamos sem saber qual das mentes é mais “fértil”, se a do autor do artigo, se a do seu amigo desaparecido ou se a da governanta de Salazar (D. Maria). Certo, certo… só a intenção de arrasar com a memória do único dirigente partidário oposicionista de décadas a Salazar – Álvaro Cunhal.
Nesse meio século obscurantista não havia compaixões, as lutas eram de horror e de morte nos campos, nas fábricas, no seio da intelectualidade! As pressões internacionais para libertar os presos eram sobretudo das organizações de direitos humanos. Num País isolado do mundo, a prisão “preventiva”(afirmação Sua), de Álvaro Cunhal e de milhares de outros antifascistas constituía um puro acto de terrorismo contra o direito à liberdade de expressão. A vida de um opositor “tinha pouco valor”. Alguns nomes dos eliminados fisicamente: Catarina Eufémia, Bento Gonçalves, Militão Ribeiro, José Dias Coelho, Humberto Delgado bastam para evidenciar os factos – não havia excepções. Trinta e três anos após o 25 de Abril a figura de Álvaro Cunhal, não necessita do seu nome em ruas, avenidas, aeroportos, … a história jamais o esquecerá! A sua resistência foi a resistência dos comunistas, a resistência do povo português. Essa resistência de então tem uma continuidade hoje. Para a história fica a memória do Álvaro Cunhal acompanhado pelo povo até ao cemitério de Alto de S. João.
Como é público Salazar foi um criminoso compulsivo culpado dos: Campo de Concentração do Tarrafal, onde se eliminaram dezenas de opositores; politica criminosa durante a Guerra Civil espanhola com a entrega de democratas republicanos aos franquistas e sua eliminação física; degredo de milhares de democratas para África (nem todos tiveram a sorte de Mário Soares); milhares de soldados portugueses mortos numa guerra fratricida; centenas de milhares de africanos inocentes mortos; centenas de milhares de portugueses forçados à imigração para escaparem à fome; etc, etc…
Salazar aniquilou a identidade cultural de um povo com séculos de existência através de um sistema político antidemocrático, corporativo (servia meia dúzia de famílias), clerical (tinha o apoio dos sectores mais reaccionários da igreja) e isolacionista.
À falta de melhor, hoje a direita, vira-se para os valores fracassados e enterrados do passado.


A Organização Concelhia do PCP
no Entroncamento
(Resposta ao artigo enviado ao Director do Notícias do Entroncamento)

Entroncamento; 2007-01-16